SOBERANIA ALIMENTAR E GERAÇÃO DE TRABALHO E RENDA

As tecnologias sociais de geração de trabalho e renda, implantadas através do Programa, possuem forte correlação com as iniciativas voltadas à garantia da soberania e da segurança alimentar das populações do Semiárido. Assim, têm por objetivo incentivar a adoção de sistemas produtivos que promovam a autonomia dos pequenos produtores, além da produção de alimentos saudáveis, através da utilização de técnicas e recursos que preservem as condições de biodiversidade locais.

Diagnóstico socioeconômico de demandas e potencialidades

Foto: Alênicon de Souza

O diagnóstico tem como objetivo identifi car necessidades e potencialidades locais para subsidiar propostas de formação, assessorias e implantação de tecnologias sociais. Através deste diagnóstico são desenvolvidos os diferentes projetos de geração de renda nas comunidades. Este documento também é a base para se estabelecer dinâmicas de avaliação das atividades desenvolvidas ao longo do Programa.

Caprinocultura e ovinocultura

Foto: Marcelo Valle

As criações de caprinos e ovinos são desenvolvidas tradicionalmente pelos moradores da região do semiárido nordestino como atividades voltadas, sobretudo, para a subsistência destas populações. As ações do COEP, no incentivo a esta tecnologia, têm como objetivo potencializar a geração de renda para as famílias através do melhoramento genético destes rebanhos. Dessa forma, o Programa promove a distribuição de lotes de três ou seis matrizes (fêmeas), sem raça definida, às famílias. É distribuído também um reprodutor de raça (Puro de Origem – PO) a cada 24 matrizes recebidas, que fica sob a responsabilidade da associação comunitária, para o cruzamento com essas matrizes. Quando as famílias beneficiárias dos primeiros lotes de matrizes atingem o número de fêmeas recebidas inicialmente, devem repassá-las às associações comunitárias, para que outras famílias sejam contempladas. Desta forma, progressivamente, toda a comunidade pode ter acesso a esta iniciativa. Também integra a reaplicação desta tecnologia a construção de apriscos para abrigar os reprodutores; a instalação de forrageiras, para a trituração de plantas utilizadas na alimentação dos rebanhos; e a instalação de máquinas para a confecção de telas de arame, usadas para cercar as áreas de criação dos animais. Esta tecnologia demonstra grande potencial de difusão e apresenta resultados positivos na obtenção de melhores preços para venda dos animais, em virtude da qualidade genética desses rebanhos.

Produção de mamona e algodão

Foto: Marcelo Valle

As primeiras ações desenvolvidas pelo Programa foram voltadas para revitalização e implantação de estratégias de agregação de valor aos cultivos do algodão e da mamona nas comunidades. Apesar dos agricultores possuírem conhecimentos e técnicas tradicionais no manejo e cultivo destes produtos, estas lavouras estavam praticamente extintas na região, quando o COEP iniciou suas atividades nesses locais, em 2000. As atividades de formação e assessoria técnica a estes cultivos são realizadas através da criação de unidades demonstrativas, onde aos saberes tradicionais são agregados conhecimentos e técnicas de manejo e plantio que evitam o surgimento de pragas e doenças. As unidades demonstrativas também possibilitam a produção de sementes a serem distribuídas aos agricultores para iniciar o plantio das safras.

Desta forma, grande parte da produção tem sido realizada de forma orgânica. O COEP também atuou na estruturação de polos regionais para produção agroecológica de algodão e de mamona, cultivados de forma consorciada com outras culturas, empregando técnicas de preservação do solo, recursos hídricos e biodiversidade local. Além da importância em assegurar uma diversidade produtiva para o abastecimento dos mercados locais e regionais, a agricultura agroecológica tem custos de produção menores, se comparada à produção orgânica realizada através de monocultivos.

O processo de revitalização da cultura do algodão também envolveu o estímulo à criação de redes e circuitos produtivos, integrando etapas de produção e beneficiamento desta lavoura. Foram instaladas miniusinas em polos de comunidades, que permitem a separação da pluma e do caroço. Estes equipamentos também fazem o enfardamento da pluma, para comercialização nas indústrias da região ou para envio a cooperativas e empreendimentos localizados em outros estados. O caroço é utilizado para ração animal e pode ser comercializado também.

O COEP incentiva a adoção de estratégias coletivas para o beneficiamento e a comercialização desta produção, o que tem possibilitado a eliminação de atravessadores e condições mais favoráveis para a venda das safras. Os projetos desenvolvidos neste eixo também viabilizaram a implantação, em algumas comunidades, de uma terceira etapa da cadeia produtiva do algodão com a instalação dos teares. No incentivo à cultura do algodão percebe-se a demanda pela ampliação das etapas de maior agregação de valor, tais como a confecção dos produtos finais e o acesso direto aos consumidores. Como etapa futura, o Programa pretende desenvolver metodologias para implantação de processos de certificações participativas da produção na cadeia produtiva do algodão.

Miniprojetos geradores

Foto: Marcelo Valle

Outra iniciativa importante desenvolvida neste eixo é a instalação de miniprojetos geradores em unidades demonstrativas, com o objetivo de introduzir novas atividades produtivas ou potencializar cultivos e produções já existentes nas comunidades. São realizadas visitas para acompanhamento e assistência técnica, e assessorias para a organização de grupos produtivos, estratégias de comercialização e gestão dos espaços físicos e dos equipamentos. Os miniprojetos geradores têm permitido, sobretudo, a introdução de etapas de benefi ciamento de gêneros produzidos nas comunidades e assentamentos, agregando valor e elevando a renda dos moradores.